Recado dos Anjos

Nunca gostei de ser portador de más noticias. Mas já faz um tempo que fui designado a tal cargo. Na verdade, não é tão ruim, se pensarmos que ainda posso salva-los. Há quem me chame de destino, ou acaso, poucos são aqueles que sabem meu real nome. Gabriel. Sim, aquele mesmo, que veio a Terra certa vez para trazer a grande notícia. No entanto, diz-se que para este trabalho, que agora exerço, é preciso tamanha compaixão com a humanidade. Por isso estou aqui.

Você, assim como a maioria, pode não acreditar, mas decide a hora de ir, eu apenas aviso, à sua parte consciente, do fato. Então, acredite ou não nas minhas obras, é isto que faço. Eu saboto carros, despertadores e até planto a angustia em corações. Por favor, não entenda mal, é apenas uma tentativa, por vezes frustrada, de mantê-los aqui. Infelizmente, a grande maioria, ignora. Sai de casa mesmo que atrasado, pega um taxi, move mundos e fundos. Uma pena.

Já é a terceira vez que a visito. Engraçado, ela parece me notar. Certa vez, não precisei fazer nada, apenas esbarrei no fio do telefone, que por sua vez, anulou uma ligação. Pronto, sem titubear, ela retornou a cama. Normalmente, os “Fadados” costumam ser mais persistentes, mas ela não. Por isso, bastará apenas que eu esconda o controle remoto. Ela desistirá de ver o telejornal, que anunciará a tragédia, não ligará para sua irmã, que estará longe do celular. Assim, não ficará preocupada, sua pressão, que agora já não é mais a mesma dos últimos anos, não subirá e tudo correrá bem, mais uma vez.

Agora, que já não há mais o que fazer, devo partir, mas antes deixo que uma brisa leve a sopre, para que amanhã, ela saiba que estive aqui.

Larissa Pereira

Querido Papai Noel,

neste natal eu desisto. Desisto de pedir paz para o mundo, lares para os necessitados ou comida para os pobres. Esse ano, eu quero paz no meu coração e na minha cabeça, podem estar explodindo bombas por ai, mas aqui dentro eu quero água cristalina. Quero mais eu, desculpe o egoismo, mas, pelo amor de Deus né. Um ano sem uma lágrima derrama, a não ser que seja de emoção ou alegria extrema. Ah, você pode enviar aqui pra casa uma dose extra de falsidade injetável, se tiver em comprimido melhor, não gosto muito de agulhas. Andei notando que é o único remédio pra sobreviver nesse lugar. Embrulha em papel verde com laço vermelho uma caixa beeeeeeeeeeem grande, onde eu possa trancar todas as minhas desilusões e fracassos. Na meia da janela deixe um recado, uma oração que possa fazer todas noites, para que eu acorde no dia seguinte. De baixo da árvore deixe por favor alegria em conta gota, pra que ela demore mais a acabar e silencio, daquele que diz tudo em nada. Agradeceria se ao entrar não me acorde, faz tempo que não durmo bem e se for possível, feche e janela, estou gripada.

Com carinho.

Larissa Pereira

A ordem da vez

A culpa é dos filmes, de todos eles. E Eu sei que escrevi um texto há menos de um mês falando de uma grande amor por locadoras. Mas a culpa é dos filmes. Por querermos amores insuperáveis, romances ardentes e histórias arrebatadoras. Foi assim que eu, uma menina qualquer de treze anos comecei minha saga, assim como a grande maioria, aquela era a idade para a tragédia holywoodiana começar. Pra mim e pra todo mundo. Mas agora, já se passaram três anos, e sabe a surpresa? Nada mudou. Nem pra mim, muito menos para as novas meninas de treze anos. Porque os filmes, meus amores, eles irão te perseguir pra sempre, os dramas mudam, mas jamais partirão. Uma pena, porém verdade. Por exemplo, eu aqui com desejos a flor da pele julgo-me por vezes. Porque os filmes, meu amores, ditam até o sexo. Como? Muito simples. Lá, nas tramas românticas amor é feito de forma lenta, devagar, serena e principalmente, com trilha sonora. Jamais desesperado e frenético, isso fica para as comédias e sátiras de classificação elevada. E mais, nos filmes os mocinhos nunca fariam sexo sem dormir abraçados em seguida, não existe uma rapidinha para os grandes diretores, isso o mocinho faz com as outra mulheres gostosas do filme. Aquelas que você não deve seguir. Ah, nada além do tradicional, por favor. Os filmes não permitem. No fim das contas, os filmes mandam mais nas camas do que o próprio kamasutra. 

Larissa Pereira

Série Rainha da Fofoca

A série é o primeiro livro adulto da autora. Por isso, antes de mais nada vou avisando que o livro tem passagens de sexo e alguns palavrões. Caso você não se importe, e eu espero que não, vou seguindo.

Lizzie, a nossa queridinha da vez, é um pouco diferente das outras personagens, ele é mais descontraída, não é nenhuma valentona. E só distraída, engraçada e por vezes inconveniente. Ela mora numa cidadezinha e está de viagem para Londres, onde encontrará o seu namorado Andrew. Mas, as coisas não dão muito certo, e a única pessoa que pode tira-lá dessa furada e sua melhor amiga, que está na França. Como a Europa é ligada por linhas de trem, Lizzie vai até Shari. No caminho, resolve desabafar com um desconhecido – e mais uma vez fica numa situação delicada graças a sua boca grande, pois o tal bonitão do trem, estava indo para o mesmo lugar que ela, um lindo chatêau no sul da França. E como os livros da Meg nunca param em um único problema, ela ainda precisa terminar sua monografia para enfim se formar em História da moda. Vintage é a maior paixão de Lizzie, o que a levará, no segundo livro- Rainha da Fofoca em Nova York- a Big Apple. Puxa, ela já pulou para o segundo livro? Claro né gente, não vou contar a história e acabar com toda a magia. Mas, antes que me esqueça, o ultimo capítulo do início da série revela um lado bem sensual, digamos, que não encontramos nos outros livros da autora. Enfim, ela vai para Nova York onde sua vida tem uma reviravolta e tanto, não só a dela mas também a de sua amiga, que – vou contar de uma vez – descobre-se lésbica. E pra quem acha que já o bastante para fazer um final surpreendente, o terceiro livro, Rainha da Fofoca – Fisgada, é nada mais, nada menos do que o casamento da Lizzie. Agora imagine como é que uma vida inteiramente transformada no livro anterior pode tomar uma decisão tão firme como essa? Ah, meu amores, isso só mesmo nossa querida Meg é capaz de fazer.

Larissa Pereira

Estrada, mudança e locadora

Sabe, eu gosto da estrada, do vento no rosto e a sonolência das folhas pelo caminho. Ultimamente eu tenho mudado de gostos. Talvez por isso eu queira tanto ir a uma locadora. Porque, pare para pensar, é diferente. Diria até que tem mais doçura, pode ser que seja pela imagem romântica que tenho das locadoras. Sempre imagino um lindo casal, num inicio de noite perambulando pelas prateleiras cheias de títulos desconhecidos, por ondem passam suas mãos acompanhando a leitura rápida com a cabeça inclinada. Após muitos minutos saem de lá com três dvds, romances, provavelmente fora ela quem escolheu. Em seguida pediriam uma pizza, que seria entregue durante os treillers. É, eu gosto de locadoras. Mas eu falava da estada. O vento dela é diferente, tem cheiro de tranquilidade, dá vontade de mudar, se transformar. É um bom lugar para escrever se não fosse pelo balançar do carro, é claro.

         Ando clichê, romântica, acho que deu pra notar. E vou piorar porque estou mudando, meio anos oitenta sabe? Acho que é por isso que gosto de locadoras.

Larissa Pereira